domingo, 24 de abril de 2011

como for

Distante das circunstâncias, pesava o abrir de uma janela esta noite. O frio, pouco exceção, preocupava o calor de um coração pequeno. Lembrando-se da poesia das estrelas, também veio à mente de que maneira poderiam estar em tão baixa temperatura em noite tão escura, em pedaço tão longe, em companhia tão misteriosa de Deus.

-Estrelas não têm muro nem proteção, mas são quentes como um coração bem-aventurado em gratidão, pois, meu amor, a noite acabou.

um pouco de céu, por favor

Seus passos eram livres e pequenos. Tão pequenos que não entendia de penhascos. Invertendo um verso, arte daqueles que acham amor nas tempestades - um pouco de céu, por favor-, questionou-se do romântico. Uma dor muito velha machucava seu estômago e, na borda de uma escolha qualquer, perguntou ao seu anjo se asas não chamariam muita atenção.

Ouviu-se:
-Quando o peso das circunstâncias ultrapassar a capacidade desse balão da vida, saberás continuar voando. De todas as confianças, sobreviverás porque nada te peço senão começos. Por você, eu faria tudo.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

partes

Faria várias primaveras hoje, se não fosse inundado por quedas e outros romantismos. Era a desordem das estações. Que era o inverno se não fogo ao coração? O outono se não tombos acabados em costume? Mais que observar, amava sem mapas. Menos que esquecer datas, sentia na pele mudanças que a sensibilidade estava conhecendo.

Com o coração na mão, mal sabia que há anos nascia milagre.



(Para Rosa, a aniversariante)

domingo, 10 de abril de 2011

o que importa

Presa à ansiosos versos que voltavam ao coração àquela noite, procurando suas duas estrelas mais importantes, nada mais viu, além de que elas estavam um pouco mais abaixo.

Pensou no amor e disse:
- Pergunto-me o que acontece. Estamos mais próximos do chão, meu amor, ou mais distantes ao horizonte?

E o amor disse:
- No céu. Estamos no céu.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

piloto cego

Talvez se levasse flores à dor... se soubesse que agora respira e a chuva também, e esta acabará sem ideia de arrependimento algum pela manhã.

E ainda que uma expressão melancólica pudesse dizer muito mais que um misterioso sorriso a um coração ouvinte, declamou:

-Não é só a dor que cola versos, meu amor. Desde semana passada, eu guardei minha voz para te dizer que eu sei da extensão do que te machuca e, mais do que isso, aprendi a te proteger destas tuas novas linhas. Soube sentir a inocência do que chamas de fim de noite, e te emprestei meu início de manhã para ti, meu amor, para que não sofras com a despedida dos dias.

domingo, 3 de abril de 2011

recém caído

Uma pequena crença em pequenas histórias fez com que seus guias de escrita deixassem a luz ligada aquela noite. E mesmo que insistisse em apagar a luz de toda a escada até seu quarto e jogar seu cobertor de estrelas pela janela, estaria envolvido pelo do céu da noite. Este, furado por brilhos de cores fracas, deixava espaço pro frio entrar.

- Quando eu vim, passei por um desses buracos.